«A Casa do Espírito Santo em Alenquer - Relação de alguns confrades» é um trabalho de Rogério de Figueiroa Rêgo (1901-1984), da Associação dos Arqueólogos Portugueses e do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, publicado em Estremadura - Boletim da Junta de Província, série II, número X, 1945, pp. 355-365. «Relação incompletíssima», no dizer do autor, foi extraída das Provas de D. Flamínio e acrescentada «sempre que isso foi possível» com subsídios biográficos e referências genealógicas.
RELAÇÃO DE ALGUNS CONFRADES DA CASA DO ESPÍRITO SANTO DE ALENQUER NOS ANOS DE
1475
Diogo Alvares de Gouveia, escudeiro, morador em Alenquer, e sua mulher Catarina Teles.
Foram instituidores de uma Capela na Igreja de S. Pedro da dita vila, cujo Tombo dos bens foi publicado em 1933, pelo Dr. Luciano Ribeiro.
Estêvão Leitão, escudeiro, de Alenquer, e sua mulher Beatriz Jorge.
1489
Álvaro Caiado, vassalo, de Torres Vedras. Foi vassalo da Casa de EI-Rei D. João II e marido de Maria Dias e sepultado em frente da porta principal, debaixo do alpendre, da Igreja de Nossa Senhora do Ameal em Torres Vedras, onde ainda há anos se lia a seguinte inscrição: «Aqui jaz Alvaro Cayado Vassalo delRey D. João o segundo o qual se finou a nove dias de novembro de 1524».
Seu filho João Caiado teve o foro de escudeiro-fidalgo e, sendo de idade de 25 anos, embarcou para a Índia na nau Galega em 1538.
Cristóvão Gonçalves Lobo, cavaleiro e contador da comarca de Alenquer e Sintra, e sua mulher Catarina de Gouveia, filha de Diogo Álvares de Gouveia e de Catarina Teles, já citados.
Francisco Teles, escudeiro, de Alenquer, filho mais velho de Diogo Álvares de Gouveia, de cuja capela foi o 1.º administrador.
Gomes Farto, escudeiro, morador em Alenquer.
João Afonso do Rêgo e sua mulher Catarina Fialho. Eram administradores da Capela de S. Martinho de Óbidos, onde hoje está instalado o Museu Municipal, fundada em 1331 por Pero Fernandes do Rêgo, raçoeiro de Lisboa e prior de Santiago de Torres Vedras.
João de Coimbra, e sua filha Catarina, de Atouguia.
Manuel Botado, escudeiro, do Turcifal. Foi Juiz ordinário de Torres Vedras e marido de Isabel Anes da Ponte, tia de Álvaro da Ponte, fundador da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Ponte do Rol.
Manuel da Ponte, cavaleiro, de Torres Vedras. Foi Juiz ordinário da dita vila e marido de Isabel Henriques, da Vermoeira, de quem houve ao citado Álvaro da Ponte.
Nuno de Sampaio, cavaleiro, de Torres Vedras. Foi provedor dos Hospitais, Capelas, Gafarias e Albergarias e marido de Filipa do Rêgo, filha de Afonso do Rêgo, cavaleiro de Atouguia e de sua segunda mulher Catarina Henriques. Filipa do Rêgo foi sepultada no Convento do Varatojo, conforme a seguinte inscrição em caracteres góticos minúsculos: «Aqui jaz Filipa do Rego molher que foi de Nuno de Sampaio q ds aja faleceo na era de 1530».
Pedro Afonso do Avelar, escudeiro, morador em Alenquer.
Pero de Almeida, escudeiro, de Alenquer, e sua mulher Leonor Vaz.
1500
Afonso de Albuquerque, filho de Gonçalo de Albuquerque, de Vila Verde. Trata-se indubitavelmente do célebre conquistador da Índia, figura máxima da nossa Epopeia no Oriente.
Pedro de Gouveia, filho de Diogo Álvares e de Catarina Teles já citados. Foi o 2.º administrador da capela instituída por seus pais, na falta de sucessão de seus irmãos Francisco Teles e Catarina de Gouveia.
1508
Álvaro Teles, escudeiro, morador em Alenquer, filho de Pedro de Gouveia, acima.
Foi o 3.º administrador, por falecimento, sem geração, de seus tios Francisco Teles e Catarina de Gouveia, da capela instituída por seu avô Diogo Álvares de Gouveia.
1518
Bartolomeu Fialho, escudeiro, morador na Cheira, filho de João Fialho e de Guiomar Pais.
Filipe Calvo, de Alenquer, filho de João Calvo.
Francisco de Macedo, filho de Rui Dias de Góis e irmão do célebre Damião de Góis. Foi o 1.º provedor da Casa do Espírito Santo, depois da reforma ordenada por El-Rei D. Manuel. Faleceu em 22 de Dezembro de 1545 e foi sepultado na Igreja da dita Casa, conforme inscrição que traz Guilherme Henriques, pág. 203.
João Leitão, cavaleiro e Juiz ordinário da Merceana.
Martim de Miranda, cavaleiro, da Merceana.
Pero Gomes de Carvalhosa, e seus filhos Rui, Jerónimo, Catarina, Violante e Miguel Gomes, todos da Ribeira de Maria Afonso, termo de Torres Vedras.
1520
Estêvão Gomes Godinho, pajem da lança de EI-Rei D. Manuel e sua mulher Margarida de Soutomaior, de Torres Vedras.
1521
Damião de Góis, filho de Rui Dias de Góis, e Manuel de Góis, seu irmão. Trata-se do ilustre humanista e guarda-mor da Torre do Tombo, autor da Crónica de EI-Rei D. Manuel e de outros notáveis trabalhos que o tornaram célebre na Europa do seu tempo.
Vasco Martins Leitão e sua mulher Isabel Penteado. Teve carta de brasão de armas de Leitões, dada por EI-Rei D. Manuel em Lisboa, aos 21 de Junho de 1507.
De sua filha bastarda Maria Borges, casada com António Boto Pimentel, cavaleiro da ordem de Malta, na qual teve as comendas de Pontével e Santarém, e instituidor da Capela de Santo António da Espiçandeira, descendem os Boto Pimenteis de S. Domingos de Carmões, onde ainda há actualmente representação.
1525
Álvaro da Ponte, escudeiro, morador na sua quinta da Ponte do Rol, termo de Torres Vedras, casado com Margarida Varela de Carvalhosa, da Ribeira de Maria Afonso. Era filho de Manuel da Ponte, atrás citado, e em 1530 erigiu a Igreja da Ponte do Rol da evocação de Nossa Senhora da Conceição, como ainda hoje se vê de uma lápide existente na dita Igreja, por debaixo do púlpito, do lado do Evangelho. Nessa época já era cavaleiro da Casa Real, como da inscrição respectiva se infere.
Jorge de Figueiredo, escudeiro, escrivão da Fazenda Real, morador na Ramalheira.
Manuel Leitão, escudeiro, e sua mulher Guiomar Rebelo, da Merceana. Foram pais de Brites Leitão, mulher de Bartolomeu de Aguiar, que foi porteiro da Câmara da Rainha D. Catarina e Alcaide do mar de Ormuz e Guarda-mor das naus do mesmo porto, cuja filha Isabel de Aguiar Leitão foi mulher de João de Figueiroa, cavaleiro da Casa Real e escrivão da Câmara de Torres Vedras, cargo de que foi privado por ser da parcialidade do Prior do Crato.
Bartolomeu de Aguiar, voltando ao Reino, faleceu em Torres Vedras no ano de 1578.
1530
Diogo Álvares da Rocha, da Corujeira, contador do Juízo Geral de Alenquer.
Gil Vicente da Maia, e sua mulher Leonor Perestrelo, da Carnota.
João Monteiro, da Labrujeira, e sua mulher Isabel Vogado.
Margarida Gomes e Lourenço Gomes de Carvalhosa, filhos de Gomes Lourenço de Carvalhosa e de Luísa de Sampaio, todos da Ribeira de Maria Afonso, termo de Torres Vedras.
Rui da Vaza, cavaleiro, e sua mulher Francisca César, de Aldeia Gavinha.
Sebastião de Lilá, e sua mulher Filipa de Fernãso, e seus filhos Ana de Fernãso, Manuel de Lilá e Isabel Travassos, moradores na quinta do Peixoto.
1535
Fernão do Avelar, cavaleiro, de Atouguia, e sua mulher Isabel da Vaza, filha de Rui da Vaza, já citado, de Aldeia Gavinha. Trata-se dos pais de Luísa da Vaza, mulher de Martim de Orta Carneiro.
1538
Cristóvão Leitão, dispenseiro-mor da lnfanta D. Maria, cunhado de Francisco da Ponte, de Arruda.
Francisco de Gouveia, filho de Manuel de Gouveia e de Catarina Vaz, do termo de Alenquer.
Lopo Vaz Vogado, e sua mulher Margarida Vaz. Esteve na tomada de Azamor em 1513 segundo se vê da Crónica de EI-Rei D. Manuel.
Sebastião de Macedo, filho de Francisco de Macedo e de Briolanja Peres, e sua mulher Helena Jorge. Era neto paterno de Rui Dias de Góis, pai do cronista Damião de Góis.
Foi guarda-roupa do Cardeal Infante e veador da sua Casa.
Faleceu em 5 de Julho de 1570 e foi sepultado na Igreja do Espírito Santo, onde ainda hoje se lê a inscrição que traz Guilherme Henriques, pág. 203.
Sebastião Semedo, cavaleiro, juiz ordinário de Torres Vedras.
1540
Jorge de Paiva, e sua mulher Brites do Rêgo, pais de Rui Boto Machado, de Alenquer.
D. Pedro de Noronha, de Vila Verde, e sua mulher D. Violante.
1541
Francisco Ferreira, de Aldeia Galega da Merceana, e seu filho Diogo Ferreira, que casou em 1540 com Isabel Nunes Cardoso.
Manuel de Sousa Chichorro e sua mulher D. Leonor de MeIo, e seu filho Luís de Sousa.
1545
Lançarote Gomes Godinho Cabreira, alferes da Bandeira Real na Índia, filho de Estêvão Gomes Godinho, já citado, e sua mulher Maria do Avelar, de Alenquer.
1546
Pedro Casco de Montarroio, capelão da Rainha.
1549
Afonso Esteves, da quinta da Telhada, e sua mulher Maria Petronilha.
D. Joana de Argem, mulher de Damião de Góis, e seus filhos Manuel de Góis, Ambrósio de Góis, Rui Dias de Góis e Catarina de Góis.
Luís de Meireles, e sua mulher D. Beatriz, de Alenquer.
1550
Afonso Perdigão, escudeiro, de Alenquer.
Antão do Rêgo, cavaleiro e juiz ordinário de Torres Vedras e sua mulher Margarida Varela, moradores na sua quinta da Ponte do Rol, filha e genro de Álvaro da Ponte, já citado.
Faleceu no ano de 1570 e foi sepultado na Igreja do dito lugar, fundada por seu sogro, conforme inscrição que ainda hoje se pode ler na capela-mor, por debaixo do sôlho.
Francisco Teixeira, de Aldeia Gavinha, e sua mulher Maria Lopes.
Heitor Varela, cavaleiro, filho de Francisco Varela e marido de Antónia de Magalhães, de Alenquer. Foi escudeiro do Infante D. Duarte e na monção deste ano embarcou para a Índia; voltando ao Reino faleceu em 1561.
D. Leão de Noronha, e sua mulher D. Guiomar da Costa. Faleceu D. Leão em 19 de Agosto de 1572 e jaz sepultado na Igreja de S. Francisco de Alenquer. Foi o 5.º padroeiro do Mosteiro do Salvador de Lisboa e do Conselho de EI-Rei D. João III. Foi varão santo e ilustrado; dele fala desenvolvidamente o «Agiológio Luzitano».
Onofre César, de Aldeia Gavinha, filho de Pedro da Costa, pajem de D. Joana de Blas, camareira-mor da Infanta D. Maria; teve alvará de moço de câmara em 2 de Novembro de 1553.
1553
Francisco Ferreira Velez, conforme Guilherme Henriques que a pág. 290 reproduz a inscrição deste confrade, foi filho de Francisco Ferreira, da dos Quentes, e de sua mulher Maria Viegas Rebelo.
Porém, nas «Portarias do Reino», vol. I, pág. 120, cita-se um Francisco Ferreira Velez que se assinalou em Azamor e Safim, como filho de Simão Ferreira Velez, alcaide-mor de Aldeia Galega da Merceana, que serviu em Cambaia e foi morto em Chaúl, em 1521.
Devemos notar que G. Henriques dá a notícia supracitada sob reserva.
Luís Álvares de Paiva e sua mulher Inês Perestrelo, da Carnota.
1555
Francisco da Ponte, escudeiro, de Arruda, filho de Tristão da Ponte e cunhado de Cristóvão Leitão, já citado.
João Leitão, escudeiro, morador na Cheira, e seus irmãos Rodrigo e André, filhos todos de Bartolomeu Fialho, confrade em 1518, e sobrinhos de Catarina Fialho, mulher de João Afonso do Rêgo, confrade em 1489.
Dr. João Gomes de Carvalho, natural de Alenquer, onde fundou o convento de freiras e instituidor do Morgado dos Carvalhos. Foi lente notável da Universidade de Coimbra e pai de António Gomes de Carvalho.
Manuel de Gouveia, correio-mor do Reino, filho de Pedro de Gouveia e de Catarina do Avelar, sua segunda mulher e neto de Diogo Álvares de Gouveia e de Catarina Teles, já citados.
1557
Aires Penteado, de Aldeia Gavinha, e sua mulher Antónia do Avelar.
Era filho de Fernão Penteado e irmão de Vasco Martins Leitão e neto de Vasco Martins Leitão e de Isabel Penteado, confrades em 1521.
Diogo Botelho, de Pegas, termo de Alenquer, porteiro-mor do Infante D. Luís e filho de Pero Botelho, que esteve com o dito Infante na empresa de Tunis, e de sua mulher D. Joana de Ataíde.
Paulo de Resende e sua mulher Violante de Andrade, de Santo Estêvão de Alenquer.
1560
Aires Ferreira, Alcaide-mor de Aldeia Galega da Merceana e vedor da Casa do Cardeal Infante, e sua mulher D. Catarina de Góis.
Era filho de Diogo Ferreira e de Isabel Nunes Cardoso, confrades em 1541. Faleceu em 28 de Janeiro de 1594 e foi sepultado na capela-mor da Igreja da Misericórdia, onde ainda hoje se lê a inscrição que traz Guilherme Henriques, a pág. 181.
Francisco de Figueiredo, de Vila Verde, e sua mulher Beatriz de Barros.
1565
Francisco do Rêgo, cavaleiro e vereador de Torres Vedras, e sua mulher Antónia de Magalhães, viúva de Heitor Varela, já citado.
Era filho de Antão do Rêgo, confrade em 1550.
1570
António Gomes de Carvalho, e sua mulher Briolanja de Macedo, filha de Sebastião de Macedo, já citado. Era filho do Dr. João Gomes de Carvalho, Lente em Coimbra, a que também se fez já alusão.
Manuel de Gouveia, cavaleiro, e sua segunda mulher Joana da Rocha. Foram pais de Leonor da Mota Gouveia, segunda mulher de Francisco do Rêgo, confrade em 1565.
Martim de Orta Carneiro e sua mulher Luísa da Vaza, neta de Rui da Vaza, já citado.
Pedro de Carvalho, filho de Diogo de Carvalho e de Margarida de Gouveia, de Alenquer.
Sebastião de Macedo, o moço, veador da Casa do Cardeal Infante D. Henrique, e filho de Sebastião de Macedo e de Helena Jorge, já citados. Faleceu em Agosto de 1593 e foi sepultado na Igreja do Espírito Santo, de cuja Casa foi provedor, conforme a inscrição que traz Guilherme Henriques, pág. 204.
D. Tomás de Noronha e sua mulher D. Helena da Silva, administradores do prazo de D. Leão, de Alenquer. Trata-se do filho primogénito e da nora de D. Leão de Noronha, atrás mencionado.
Faleceu em 14 de Janeiro de 1584 e jaz no seu jazigo da Igreja de S. Francisco.
1577
Diogo Pereira, escudeiro, de Arruda.
1580
Afonso Pato Henriques, cavaleiro, e sua mulher Luísa Caldeira Pimentel, da quinta do Espanhol, termo de Torres Vedras.
Diogo César, de Aldeia Gavinha, e Isabel César, filhos de Onofre César, atrás mencionado, e de sua mulher Beatriz Ribeiro. Diogo César casou em 7 de Janeiro de 1580 com Maria de Melo, filha de Estêvão Neto, já defunto, e de Beatriz de Melo.
Duarte do Quintal, de Arruda, e sua mulher Maria de Soutomaior.
Jorge Godinho de Abreu, cavaleiro, de Carmões, termo de Torres Vedras, e sua mulher Camila de Valadares.
Rafael Leitão, de Aldeia Gavinha, e sua mulher Filipa do Quintal, sobrinha de Maria Lopes, mulher de Francisco Teixeira, já citados.
Rui Freire de Andrade, fidalgo, morador na sua quinta do Cabeço dos Alves, termo de Alenquer. Trata-se do herói de Ormuz?
A cronologia não se opõe a esta hipótese.